terça-feira, novembro 22, 2005

Voo 2005 para a OTA


Hoje foi apresentado oficialmente, o mega-projecto que tanto deu e continuará a dar que falar, para os portugueses em geral, e para os alenquerenses em particular.
Está oficialmente decidido, portanto... venha o aeroporto!

Como cada português e alenquerense tem certamente opinião sobre esta matéria, eu a título pessoal, e como vice-presidente da CPS da JSD Alenquer, este é o meio que penso ser o mais indicado para a expressar. Sublinho o facto de ser uma visão pessoal e não uma "posição" da nossa estrutura política.

No Plano Nacional
Segundo estudos prevê-se que o Aeroporto da Portela esteja saturado entre 10 a 15 anos. Logicamente, e numa atitude séria e profissional, começou-se a delinear alternativas possiveis atempadamente. Progressos... já que os problemas em Portugal só são resolvidos quando surgem e nunca são, portanto, antecipados.
Mas no meu ponto de vista a solução encontrada não serve claramente os interesses do país.

A nível da visão estratégica acho que se menosprezou uma área de negócio dentro da aviação comercial, que já sendo uma área forte de volume de tráfego aéreo, irá no futuro ser muito mais importante. Estou a falar das companhias aéreas que operam no mercado "low-cost". Estas companhias privilegiam aeroportos secundários, exactamente pelo peso das taxas aeroportuárias no preço final das suas tarifas. Neste momento as companhias aéreas "low-cost" voam essencialmente do Porto e de Faro para as principais cidades europeias, sendo a cidade de Lisboa claramente prejudicada a nível turístico e económico por inerência, e os cidadãos da área de Lisboa e Vale do Tejo, que repretam 25% da população Nacional, não têm acesso fácil a este tipo de producto.
Seria, a meu entender muito mais viável, a utilização de uma base aérea cincundante à cidade de Lisboa, e construir um terminal aeroportuário que se destinasse a esse mercado "low-cost".

A nível da localização escolhida para o AIL, não questiono o facto de ser 40km afastado da cidade, porque a maior parte dos aeroportos das grandes cidades europeias e americanas encontram-se afastados das cidades. No entanto a escolha da região norte de Lisboa, em detrimento da região sul de Lisboa, não terá grande impacto no sector do turismo, sector que se crê ser o grande catalizador económico do país num futuro próximo. O litoral alentejano, que tem imenso potêncial turístico não será beneficiado com um aeroporto a 150 km.

A nível dos estudos de impacto ambiental, as diversas alternativas, tinham invariavélmente uma série de condicionantes, mas creio que não se estudou o problema de forma séria e avaliou claramente o peso de cada decisão na vertente ambiental e envolvente aeroportuária.
Pelo menos na opinião pública, muito pouco se debateu em relação a este tema.

Do ponto de vista financeiro, gostava de ver esclarecido a questão da parceria público-privada, em que o Estado só terá de suportar 10% do investimento. Sabemos de ante-mão que existem verbas comunitárias para um investimento desta envergadura, mas ainda não foi esclarecido quanto é que estas verbas representam no volume total do investimento. Seria interessante também saber o processo de privatização da ANA como forma de financiamento do futuro AIL.
Importante também saber, e porque más recordações me trazem estes grandes investimentos públicos, o orçamento do projecto, feito de forma séria e profissional, para evitar a famosa derrapagem.
Adicionalmente, deverá ser incrementado ao custo total do projecto, o investimento na rede de comunicação e infraestruturas necessárias, para um aeroporto desta envergadura numa zona como a Ota.

Quero de todo excluir a possibilidade de este investimento se realizar pela existência lobbies, que embora todos saibamos que existem, não deverão condicionar um investimento desta envergadura e hipotecar uma série de gerações futuras, na qual eu me incluo.

No Plano Local
Na minha opinião, o AIL irá diminuir a qualidade de vida dos alenquerenses. Não tem, nem terá o impacto na micro-economia regional que algumas pessoas afirmam ter, para além de alguns negócios imobiliários.
Criará os 50 mil postos de trabalho na fase da construção, que penso que em larga maioria serão ocupados por imigrantes. Acontecerá um fenómeno migratório para a nossa região de imigrantes oriundos do leste da Europa, Brasil e África, para o qual o nosso concelho não está minimamente preparado, quer para absorver quer para integrar essas pessoas.
Nos anos subsequentes à construção, um volume considerável de pessoas ficará sem emprego, com os problemas sociais que essa situação acarretará.

Sou contra a construção do AIL na Ota, e estou convicto que o tempo dar-me-á razão.

José Afonso
Vice-presidente JSD Alenquer

4 comentários:

Anónimo disse...

Apenas uma correcção:
Os 58000 postos de trabalho (28000 directos + 28000 indirectos) são criados após a construção do aeroporto.
Para a construção o número estima-se em 4000 a 5000 postos de trabalho

Anónimo disse...

Mais uma correcção:
Dos 28000 directos, 18000 são os transferidos da Portela...

Anónimo disse...

Duas questões à correcção:
1. Serão 56 mil (18+18)?
2. O Aeroporto da Portela continua a funcionar, mas em estratégia self-service?

JSD Alenquer disse...

Agradeço desde já as correcções feitas, e eventuais correcções a fazer! No entanto, e dada a importância do assunto espera-se opiniões.
É objectivo deste blog promover a discussão, sobretudo quando são temas quentes e de interesse municipal e nacional.
Ficamos à espera de opiniões.
José Afonso